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É
por causa dos pecados que cometestes contra Deus que ides deportados
para Babilônia como prisioneiros, por Nabucodonosor, rei dos
babilônios. Quando chegardes a Babilônia, será para ficardes lá
por muito tempo, durante longos anos, até sete gerações. Depois
disso, porém, farei com que volteis em paz. Ireis ver em Babilônia
deuses de prata, ouro e madeira, deuses que são carregados aos
ombros e que, não obstante, inspiram temor aos pagãos. Quanto a
vós, preveni-vos! Não imiteis esses estrangeiros, deixando que
também o temor desses deuses se aposse de vós. Quando virdes a
multidão comprimir-se em torno deles para adorá-los, dizei no
silêncio de vossos corações: É somente a vós, Senhor, que
devemos adorar. Porque meu anjo estará ao vosso lado, e poderia
vingar-se na vossa vida. http://www.bibliacatolica.com.br/biblia-ave-maria/baruc/6/
A
língua desses deuses é polida por um artista. Mas, apesar de
dourados e prateados, são falsos e incapazes de falar. Como se fora
para uma donzela apaixonada por enfeites, eles pegam ouro e
confeccionam coroas para serem colocadas nas cabeças de suas
divindades. Acontece, até, que os sacerdotes roubam o ouro e a prata
para utilizá-los em proveito próprio, ou para presentear
prostitutas que mantêm em suas casas. Eles ataviam com lindas
vestes, como se fossem homens (esses deuses) de prata, de ouro ou
madeira, enquanto estes nem mesmo são capazes de defender-se contra
a ferrugem e os vermes. Vestem-nos de púrpura; precisam, porém,
tirar-lhes do rosto a poeira que neles se acumula.
Possui
o deus um cetro como se fora governador de província; mas é incapaz
de condenar à morte aqueles que contra ele se rebelam. Ostenta na
mão o machado e a espada, mas nem pode garantir-se contra um inimigo
ou um ladrão.
E disto se pode concluir que não são deuses. Não tendes por que temê-los. Quando a ferramenta de um homem se quebra, perde a utilidade. Assim também acontece com seus deuses.
E disto se pode concluir que não são deuses. Não tendes por que temê-los. Quando a ferramenta de um homem se quebra, perde a utilidade. Assim também acontece com seus deuses.
Se
os colocardes num templo, enchem-se seus olhos da poeira erguida
pelos pés dos visitantes. Quando um homem ofende o rei, fecham-se
atrás dele as portas da prisão, porque vai ser conduzido à morte.
Assim os sacerdotes defendem os templos por meio de portas munidas de
fechaduras e ferrolhos, a fim de impedir que ladrões venham roubar
os deuses. E acendem mais luzes do que eles mesmos precisam, enquanto
que os deuses não podem vê-las, porque são apenas quais vigas de
seu templo, cujo coração está também corroído. E eles nem se
apercebem dos vermes que fervilham no solo e que vêm devorá-los,
assim como as suas vestes. Escurece-lhes os rostos a fumaça que se
desprende do templo. Morcegos, andorinhas e outras aves esvoaçam em
torno de seus corpos, e gatos saltam sobre eles.
De
tudo isso podeis concluir que não são deuses, e que nenhum respeito
lhes deveis. O ouro que os reveste serve, sem dúvida, para
embelezá-los mas, se não se polir o ouro, não brilham. E nem
sentiram quando foram fundidos. Foram comprados por preço
exorbitante, quando neles nem sequer um sopro de vida existe. Não
possuindo pés, devem ser carregados aos ombros, revelando assim a
todos a sua ignomínia. Bem mais, porém, seus servos deveriam
envergonhar-se, pois se algum deus vier a cair por terra, não poderá
por si mesmo levantar-se; virá alguém repô-lo de pé, pois que é
incapaz de qualquer movimento. E se o colocarem obliquamente, não
poderá erguer-se. São como cadáveres ante as oferendas que lhes
trazem.
Os
sacerdotes, porém, vendem essas ofertas em proveito próprio, e suas
mulheres as preparam, sem nada repartir com os pobres e os infelizes.
As mulheres em seu estado de impureza e que deram à luz tocam nesses
sacrifícios. Portanto, bem podeis reconhecer que não são deuses.
Não tenhais pois para com eles respeito algum. Como poderiam eles
ser chamados deuses? Pois há mulheres que tomam parte no culto
desses ídolos de prata, de ouro e de madeira! E nos seus templos, os
sacerdotes assentam-se com as vestes rasgadas, descoberta a cabeça,
cabelos e barbas raspados! Gritam e clamam ante seus ídolos, como se
fora no festim de um morto. E roubam-lhes as vestimentas e com elas
presenteiam suas mulheres e filhos. São incapazes de retribuir, quer
se lhes faça um bem ou um mal. Nem mesmo poderiam aclamar um rei ou
destroná-lo. Nem podem dar ricos presentes nem (a mais vil) moeda.
Se alguém não cumprir os votos que lhes fez, nem podem protestar.
Tampouco lhes é dado proteger alguém da morte, como arrancar o
fraco das mãos do mais forte. Não possuem o poder de dar vista ao
cego, nem de salvar alguém da miséria. Não se compadecem da viúva
e nenhum bem fazem ao órfão. Quais pedras da montanha, são esses
ídolos de madeira, dourada ou prateada, e seus servos deveriam
envergonhar-se deles. Como, pois, crer em tais deuses, e assim
chamá-los?
Os
próprios caldeus os afrontam. Quando se lhes apresenta um mudo,
levam-no a Bel, suplicando-lhe que dê voz ao mudo, como se o deus
pudesse ouvir alguma coisa. E, embora saibam bem isso, não podem
abster-se de assim agir, tão falhos que são de inteligência.
Mulheres, cingidas de corda, vão sentar-se à beira dos caminhos e
aí fazem fumaça, queimando sementes. Quando uma delas é levada por
um transeunte e com ele dorme, zomba da vizinha por não haver
recebido semelhante honra e não ter sido rompida a sua corda. É
apenas mentira tudo quanto se faz perante eles. Como se poderá,
então, acreditar e proclamar que sejam deuses? Foram confeccionados
por artífices e ourives, e não poderiam ser diferentes do que o
quiseram seus artífices. E se estes não atingem idade avançada,
como poderia ser diferente a obra de suas mãos? Assim só deixam a
seus descendentes engano e vergonha. Sobrevenham guerras ou
calamidades, e eis os sacerdotes a entrarem em conciliábulos a fim
de saber aonde deverão ir ocultar-se com seus ídolos.
Como
acreditar, então, que sejam deuses aqueles que são incapazes de se
salvar da guerra ou de outra qualquer calamidade? Mais tarde vir-se-á
a saber que os ídolos de madeira dourada ou prateada são apenas
engano. E aos olhos de todos os povos e de todos os reis tornar-se-á
evidente que não são deuses, mas obras de mãos humanas, já que
nada se encontra de divino neles. Como, pois, poderá deixar de se
tornar evidente que não são deuses? Eles não podem entronizar um
rei num país, nem dar chuva aos homens. Nem sequer podem ainda
julgar suas contendas, nem protegê-los contra os males (que lhes
advenham), pois de nenhum poder dispõem, assemelhando-se a gralhas
que esvoaçam entre o céu e a terra. Se o fogo atinge o templo
desses ídolos de madeira dourada ou prateada, seus sacerdotes
procuram salvar-se, pondo-se ao abrigo, enquanto seus deuses são
consumidos quais vigas no incêndio.
E
não poderiam resistir nem a um rei nem aos inimigos. Como admitir,
então, ou mesmo supor que possam ser tidos por deuses? Esses deuses
de madeira prateada e dourada nem mesmo podem defender-se contra os
ladrões. Mais fortes que eles, arrebatam-lhes o ouro e a prata e até
as vestes de que foram cobertos, e se retiram sem que os deuses
tenham podido defender-se a si mesmos. Assim, melhor que a dos falsos
deuses é a condição de um rei, que pode lançar mão de seu poder,
ou a de um utensílio doméstico, do qual o dono pode servir-se, ou
mesmo a da porta de uma casa, que protege o que dentro dela se
encontra, ou ainda a da coluna de madeira no palácio real.
O
sol, a lua e as estrelas, que brilham e se destinam à utilidade dos
homens, obedecem de boa mente. Assim também o relâmpago, tão belo
ao faiscar; o vento que sopra sobre a terra e as nuvens que recebem
de Deus a ordem de percorrer toda a terra executam a missão que lhes
foi imposta. Quando o fogo é enviado do céu para consumir as
florestas das montanhas, cumpre o que lhe foi ordenado. Nem a beleza,
nem o poder dos ídolos podem igualar-se a essas maravilhas.
Eis
por que não há motivo para crer nem proclamar que sejam deuses, já
que não lhes é dado praticar a justiça junto aos homens nem lhes
outorgar o bem. Se admitis que não são deuses, não tenhais deles
receio algum. Eles não têm a faculdade de amaldiçoar os reis nem
de abençoá-los. Muito menos podem fazer com que no céu apareçam
sinais aos pagãos; não brilham como o sol, nem alumiam como a lua.
Valem mais que eles os animais, pois, ao menos pela fuga, têm a
faculdade de procurar a segurança num abrigo. De maneira alguma,
pois, se nos convence que eles sejam deuses. Por conseguinte, não os
temais.
Assim
como um espantalho em campo de pepinos, esses deuses de madeira
dourada ou prateada de nada preservam. Moita de espinhos num jardim,
na qual vêm os pássaros pousar; cadáver lançado em lugar
tenebroso, eis o que são esses deuses de madeira dourada e prateada.
Enfim, pela púrpura e pelo escarlate que sobre eles se desgastam
pode-se reconhecer que não são deuses. Acabarão por ser devorados,
e se tornarão desonra para sua nação. Melhor é, portanto, a
condição de um homem honesto que não tem ídolos, pois assim
estará sempre isento de confusão.